quarta-feira, 17 de março de 2010

Características geológicas da acção do mar ( II )

Uma das maiores formas através das quais a água (rio ou mar) desgasta a rocha é por abrasão lenta. A areia e os calhaus transportados pelo rio geram uma acção trituradora que consegue desgastar até a rocha mais dura. No fundo de alguns rios, os calhaus e os seixos encontram-se em rotação no interior de cavidades no fundo do leito, como se de uma misturadora se tratasse, aprofundando-as e alargando-as. Estas cavidades são denominadas de marmitas de gigante e encontram-se em todos os cursos de água e também junto ao mar, na plataforma de abrasão, embora resultem mais do abatimento de algares do que da própria acção trituradora dos calhaus e seixos. Quando a água baixa, podemos observar estes calhaus e areias depositados no fundo das marmitas de gigantes expostas.


Imagem - Esquerda marmitas de gigante na plataforma de abrasão na Praia de Armação de Pêra. Direita, plataforma de abrasão com marmitas de gigante na Praia de Olhos de Água (Algarve. Portugal). No fundo da marmita é normal a presença de cascalho e areia. Tratam-se de pequenas áreas importantes para a formação de mini ecossistemas. É normal encontrar-se moluscos, crustáceos e por vezes mesmo pequenos peixes ficam aqui retidos.


Imagem - Lentamente os pequenos buracos (marmitas de gigante), vão-se fundindo e a plataforma de abrasão vai desaparecendo. Praia de Olhos de Água (Algarve. Portugal)
A erosão e a deposição de sedimentos conduzem a formas de relevo características, das quais se salientam as praias, resultantes da acumulação de sedimentos, e as arribas, resultantes da intensa erosão marinha. As arribas são faixas de litoral escarpado, muito íngreme, onde o efeito da erosão marinha se faz sentir de forma intensa. Este desgaste, a abrasão marinha, faz-se sentir, sobretudo, na base da escarpa em contacto com o mar, onde o material rochoso é retirado mais intensamente. Esta abrasão descalça a base da arriba, que, por acção do peso das camadas superiores, abate, originando no sopé da arriba um amontoado de blocos rochosos - a plataforma de abrasão. Durante um certo tempo, a plataforma de abrasão retém a abrasão e o desgaste do sopé da arriba até ao momento em que os blocos rochosos se desgastam e o processo de desgaste da base retoma o seu curso normal. A natureza do material rochoso, o seu grau de dureza e compactação, a orientação e posição dos estratos condicionam a velocidade da abrasão da arriba.


Imagem - Recuo da arriba. Na base encontram-se grandes blocos retardam a acção erosiva do mar. A abrasão faz-se sentir, sobretudo, na base da escarpa em contacto com o mar, onde o material rochoso é desgastado mais intensamente. Ela descalça a base da arriba, que, por acção do peso das camadas superiores, abate, originando no sopé da arriba um amontoado de blocos rochosos, a plataforma de abrasão. Durante algum tempo, a plataforma de abrasão retém a abrasão do sopé da arriba até ao momento em que os blocos rochosos se desgastam e o processo de erosão da base retoma o seu curso normal. A natureza do material rochoso, o seu grau de dureza e compactação, a orientação e posição dos estratos condicionam a velocidade da abrasão da arriba.

Imagem - Recuo da arriba


Se as costas são escarpadas e elevadas, a arriba é escavada, por ser sujeita à abrasão. A destruição da arriba será maior ou menor em função da litologia presente. Assim, uma arriba calcária é muito menos resistente à abrasão que uma arriba quartzítica. Na linha de costa, há intensas fases de mobilização e deposição de sedimentos, numa interacção de correntes fluviais e correntes derivadas da ondulação marinha. As condições de deposição na costa são mais favoráveis quando as correntes marinhas actuam sobre um superfície de fundo plana e coberta de sedimentos soltos e móveis.

Fonte: http://sites.google.com/site/geologiaebiologia/Home/geologia-problemas-e-materiais-do-quotidiano/zonas-costeiras

Reflexão: Neste post, abordamos formas de erosão. As arribas que recuam à medida que aumenta a abrasão marinha. As praias e as dunas têm lugar quando o mar recua. No fundo de alguns rios, os calhaus e os seixos encontram-se em rotação no interior de cavidades no fundo do leito – marmitas gigantes.

terça-feira, 16 de março de 2010

Características geológicas da acção do mar ( I )

Quando é o mar que recua, o litoral diz-se anamórfico ou de acumulação, Têm aqui lugar a praia, em geral arenosa (mas às vezes cascalhenta), e as dunas. Na sequência desta regressão do mar, a arriba fica liberta da erosão das vagas, passando a evoluir em ambiente subaéreo, até adquirir um perfil de equilíbrio ditado pela sua natureza e pelas condições climáticas ambientais. Facilmente reconhecíveis na paisagem litoral, estes testemunhos de antigos litorais são considerados arribas fósseis.



Entre a Costa de Caparica e a Lagoa de Albufeira desenha-se uma destas relíquias (classificada como Paisagem Protegida, Dec.-Lei n.° 168/84, de 22 de Maio),razoavelmente preservada, entre os muitos exemplos existentes ao longo da costa portuguesa.


Imagens da Arriba fóssil, na região da Praia da Caparica, Almada (Portugal).(Fotos, Nuno Correia, Maio 2008)

segunda-feira, 15 de março de 2010

Características geológicas da acção do mar



Formas de Erosão
As zonas costeiras ou zonas da orla marinha caracterizam-se por uma intensa actividade geológica provocada pelo mar. O movimento das ondas, a subida e descida rítmica do nível das águas resultantes das marés e as correntes marinhas resultantes do movimento das águas de uns locais para os outros da superfície da Terra provocam um profundo desgaste do material da superfície continental em determinadas zonas costeiras e a sua deposição noutros locais, por vezes muito distantes da sua origem.
O mar é o receptor final dos sedimentos gerados no continente e constantemente drenados para as bacias oceânicas. Calcula-se que apenas 10% dos sedimentos depositados no mar sejam efectivamente produzidos pelo próprio mar. A observação das linhas de costa permite apreciar o trabalho do mar sobre o litoral e formas de acumulação de sedimentos. Nas regiões costeiras, onde as massa rochosas, estratificadas ou não, penetram na água com forte inclinação, proporcionam-se as condições para a formação de escarpados. Com o decorrer dos tempos geológicos, regiões costeiras podem afundar-se ou, por outro lado, as águas marinhas elevarem-se e inundarem regiões anteriormente emersas.
Na linha de costa, existe sempre uma interacção de forças destrutivas, resultado da meteorização, erosão e, por outro lado, acções construtivas, por acumulação de detritos.



A acção do mar sobre o litoral é essencialmente mecânica e designada por abrasão. As ondas atacam essas regiões permanentemente, originando um pequeno escarpado nas rochas duras. Na sua base, forma-se um pequena plataforma rochosa que se inclina em direcção ao mar, situando-se abaixo do nível das águas. A acção do mar gera detritos que, posteriormente, podem vir a formar um terraço submarino. A presença de um escarpado elevado na linha de costa pode originar, por escavação das ondas, plataformas com solo rochoso na base do escarpado, que se denominam plataformas de abrasão.



Nau dos Corvos - Cabo Carvoeiro, Peniche - Portugal. (Fotos, Nuno Correia, Maio 2008)
As vagas, desencadeadas por acção do vento, transmitem até ao litoral a energia que dele recebem e têm a sua acção erosiva grandemente potenciada pelo efeito abrasivo dos materiais (areias, seixos, blocos) que põe em movimento. Em resultado desta acção formam-se os litorais de erosão, ou catamórficos, caracterizados por arribas, ou falésias alcantiladas, que recuam à medida que aumenta a plataforma litoral ou de abrasão marinha. Deste recuo restam como testemunhos pontas rochosas, promontórios ou cabos escarpados, muitas vezes prolongados mar adentro por pontuações igualmente rochosas (ilhéus, baixios, escolhos, abrolhos, calhaus, pedras, etc., nos diversos modos de dizer locais), com destaque para a Costa Vicentina e para os cabos da Roca, de S. Vicente, de Sagres e do Carvoeiro, com a conhecida e elegante Nau dos Corvos.

domingo, 14 de março de 2010

Problemas da ocupação antrópica

No entanto, estas zonas não são estáticas, mas muito dinâmicas. O litoral evolui, algumas formas modificam-se, mudam de posição, e outras aparecem e desaparecem. Actualmente, a dinâmica da faixa litoral é condicionada pela intervenção de fenómenos naturais e antrópicos.
Fenómenos Naturais

De entre os fenómenos naturais, aos quais o homem é completamente alheio e que, de uma maneira geral, não pode contrariar, anular ou modificar, destacam-se:
alternância entre regressões e transgressões marinhas, como a subida e a descida do nível médio da água do mar;
existência de correntes marinhas litorais variadas que, ao provocarem a erosão, o transporte e a deposição de sedimentos, condicionam a morfologia da costa.
A deformação das margens dos continentes, em resultado de movimentos tectónicos podem provocar a elevação ou o afastamento das zonas litorais.
Regressões e Transgressões marinhas. O que são?
A alternância de períodos glaciáricos e de períodos interglaciários ocorridos no planeta tiveram como consequência indirecta a modificação das linhas de costa, uma vez que durante os períodos mais frios (glaciações) uma quantidade importante de água é transferida do domínio oceânico para as calotes polares, ocorrendo uma diminuição do nível médio das águas do mar e um fenómeno inverso durante o período interglaciário. Quando se verifica o recuo do mar, diz-se que ocorreu uma regressão marinha.

Mostramos agora um exemplo de uma transgressão marinha :
O nosso mergulhador geólogo nos dias actuais, à medida que se afasta do continente vai encontrar cascalho (conglemerado), numa lagoa, onde a dinâmica é mais fraca, argila (mud), e na praia (beach), vai encontrar areia (sand). Se afastar-se da costa predominam os calcários (carbonate).

Se o nosso mergulhador fizer um furo no local onde está, do topo para a base vai encontrar : Calcários - Areia - Argilas - Cascalho.



Vamos continuar com o nosso mergulhador. Ele decidiu não sair do sítio. É verdade que o tempo geológico é longo, mas no nosso exemplo imaginário a quantidade de oxigénio também é muito grande.
1. Enquanto ele está no fundo de um rio ou de uma zona litoral, o sedimento que se deposita é essencialmente cascalho (gravel).
2. O nível do mar sobe. A linha de costa migra para o interior do continente, e onde era o rio agora formou-se uma lagoa. A dinâmica numa lagoa é muito baixa e depositam-se argilas. Bom, podem também depositar-se evaporitos (sal gema, por exemplo), com podemos observar na cidade de Aveiro.
3. O nosso nível do mar continua a subir e a linha de costa está agora uns bons quilómetros no interior do continente. Depositam-se agora as areias (sand).
4. Com o avanço da linha de costa, em consequência da subida do nível do mar, para o interior, depositam-se agora carbonatos.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Zonas costeiras

As zonas litorais constituem um valioso recurso natural, insubstituível e não-renovável, do qual o Homem obtém, por exemplo, alimentos e recursos minerais, para além de serem importantes locais de lazer e turismo.


O mar é o receptor final dos sedimentos gerados no continente e constantemente drenados para as bacias oceânicas. Calcula-se que apenas 10% dos sedimentos depositados no mar sejam efectivamente produzidos pelo próprio mar. A observação das linhas de costa permite apreciar o trabalho do mar sobre o litoral e formas de acumulação de sedimentos. Nas regiões costeiras, onde as massa rochosas, estratificadas ou não, penetram na água com forte inclinação, proporcionam-se as condições para a formação de escarpados. Com o decorrer dos tempos geológicos, regiões costeiras podem afundar-se ou, por outro lado, as águas marinhas elevarem-se e inundarem regiões interiormente emersas.
Na linha de costa, existe sempre uma interacção de forças destrutivas, resultado da meteorização, erosão e, por outro lado, acções construtivas, por acumulação de detritos.
A linha de costa estabelece a transição entre os meios continentais e oceânicos.

Fonte: http://sites.google.com/site/geologiaebiologia/Home/geologia-problemas-e-materiais-do-quotidiano/zonas-costeiras

Reflexão: As zonas vertentes são um recurso litoral que temos de preservar mas as forças do mar, a erosão e a meteorização dificultam a sua preservação. Com o decorrer dos tempos geológicos, regiões costeiras podem afundar-se ou, por outro lado, as águas marinhas elevarem-se e inundarem regiões interiormente emersas.

domingo, 7 de março de 2010

Problemas da ocupação antrópica ( I )

Na imagem seguinte podemos observar uma sequência normal onde o tamanho do grão diminui da base para o topo, uma vez que a energia do meio vai também diminuindo. Trata-se de uma transgressão marinha, situação esta, resultante de um aumento do nível do mar. Numa sequência inversa sucede o contrário com aumento do tamanho do grão da base para o topo, regressão marinha. No gráfico da esquerda podemos observar uma tendência nos últimos milhões de anos para uma natural subida do nível do mar.



O aumento da temperatura média global do planeta (períodos interglaciários) vai provocar quer a expansão térmica dos oceanos, quer a fusão das massas de gelo, o que origina um maior volume de água. Esta situação pode levar a uma subida do nível médio das águas e, consequentemente, ao avanço do mar relativamente à linha de costa, ultrapassando o território onde se encontrava anteriormente a faixa litoral. Este tipo de fenómeno denomina-se transgressão marinha.

Devido às variações do nível médio das águas do mar com origem em fenómenos de glacioeustatismo, podem observar-se em certos locais do litoral níveis de praias elevados, que correspondem a vestígios de antigas praias, relacionadas com níveis do mar superiores aos actuais.
Estes depósitos de sedimentos litorais são denominados terraços marinhos ou "praias levantadas", podendo, em muitos casos, ser considerados como testemunhos das oscilações do nível das águas do mar causadas pelas glaciações como as que ocorreram, por exemplo, durante o Pleistocénico.

Imagem - Terraços marinhos. Praia de Lavadores (Gaia. Portugal).


Fonte: http://sites.google.com/site/geologiaebiologia/Home/geologia-problemas-e-materiais-do-quotidiano/zonas-costeiras

Reflexão: A transgressão e a regressão marinha são problemas existentes na costa litoral e um problema da actualidade. A transgressão é provocada pelo aumento da temperatura média global. A regressão marinha é provocada por vários factores como por exemplo as glaciações.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Bacias hidrográficas

Bacia Hidrográfica ou Bacia de Drenagem de um curso de água é o conjunto de terras que fazem a drenagem da água das precipitações para esse curso de água. É uma área geográfica e, como tal, mede-se em km².A formação da bacia hidrográfica dá-se através dos desníveis dos terrenos que orientam os cursos da água, sempre das áreas mais altas para as mais baixas. Essa área é limitada por um divisor de águas que a separa das bacias adjacentes e que pode ser determinado nas cartas topográficas. As águas superficiais, originárias de qualquer ponto da área delimitada pelo divisor, saem da bacia passando pela secção definida e a água que precipita fora da área da bacia não contribui para o escoamento na secção considerada.Em Portugal, são diversas as bacias hidrográficas. Disponibilizamo-las aqui listadas percorrendo a costa de norte para sul e depois de oeste para leste:







  • Rio Minho



  • Rio Lima



  • Rio Cávado



  • Rio Ave



  • Rio Douro



  • Rio Vouga



  • Rio Mondego



  • Rio Lis



  • Ribeiras do Oeste



  • Rio Tejo



  • Rio Sado



  • Ribeiras do Alentejo



  • Rio Mira



  • Ribeiras do Algarve



  • Rio Arade



  • Rio Guadiana

Fonte:


Reflexão: